As estações de televisão adquiriram uma função apelativa, enquanto canais de comunicação, a determinados conteúdos que vão alterando consoante os sistemas de atenção dos espectadores, os hábitos de recepção, a importância atribuída ao programa e os critérios de programação – como será o caso da fixação de horários para a maior parte dos programas.
É, portanto, em função da audiência que o planeamento, a organização e a distribuição dos programas são efectuados ao longo do dia: day time, acess to prime time, prime time, late night.
A audiência, segundo Ang, representa um colectivo taxonómico, ou seja, uma entidade que reúne indivíduos não relacionados entre si, mas que formam um grupo em função de uma característica comum serem espectadores.
O que esta autora defende é que uma imagem fotográfica da audiência total é impossível, já que qualquer representação da audiência televisiva nos fornece uma imagem fabricada. Lucrarão as estações de televisão com esta definição? Nesta perspectiva sim, se se levar em conta que o mais importante é, não aferir taxas de audiência, a produção de conhecimento útil e estratégico.
O paradigma da audiência nas estações de televisão
Falando da Europa ocidental, e estando à vista o sistema comercial competitivo, maximizar a audiência tem vindo a ser o maior e mais explícito interesse das estações de televisão públicas ou privadas. Quer isto dizer que a audiência como público, nas estações de televisão, foi-se transformado em audiência como mercado: é este o paradigma.
Na lógica das estações de televisão, o mesmo é dizer da televisão comercial, a audiência é analisada como simples mercadoria e a programação como uma mera estratégia cujo objectivo será captar a máxima audiência possível.
E a publicidade?
A publicidade tem tudo que ver com estações de televisão e audiência, claro! Há uma parceria carregada de lucro entre a publicidade e as estações de televisão: a publicidade tira proveito da força da televisão enquanto penetradora nas casas dos consumidores e as estações de televisão obtêm um alto retorno financeiro à custa da publicidade.
Não há, então, margem para dúvidas de que vivemos na era da televisão comercial onde a publicidade ocupa imenso tempo e espaço para conseguir a adesão e o envolvimento do consumidor. E a irritação também. E tudo consentido pelas estações de televisão!
A publicidade hoje, entre estações de televisão e audiências já é tida e absorvida como uma espécie de ritual que provoca a aceitação do consumidor através da televisão.
Oxalá que em um futuro próximo, já que por agora ainda é a internet o maior catalizador de publicidade em Portugal, ligar os canais das estações de televisão não signifique ouvir e ver assim: Bem vindos à televisão comercial, senhores espectadores, a emissão começa agora (e sai uma sequência interminável de horas de anúncios). Irra!