O mundo está de olhos postos na Ucrânia e também não é para menos. Uma “cortina de ferro”, bem à moda de W. Churchill prevendo uma “Guerra Fria” – take 2, desce nas ruas de Kiev e toma contornos altamente preocupantes para aquele que é o maior país da Europa, mas com um alojamento geográfico de alto risco.
Palco de inúmeras violências e violações dos direitos humanos ao longo dos tempos, parece que o gigante retoma a sua luta pela “autodeterminação”, desta vez, uma autonomia na escolha dos parceiros comerciais e políticos.
Desde 1991, com o colapso do comunismo, que a ex-república soviética não sofria tamanho revés, tendo já os parceiros EUA /União Europeia oferecendo prontamente o seu apoio financeiro, numa fuga, que se pretendia aligeirada, ao comunismo de Putin.
As vítimas não param de aumentar na Ucrânia e as imagens dos confrontos preenchem as manchetes de todos os jornais do mundo, fazendo igualmente correr rios de tinta prevendo cenários mais ou menos funestos naquele território, desde sempre cobiçado por outras potências.
Confrontos na Ucrânia (Fonte: diariodigital.sapo.pt)
Impossível “amar dois senhores”…
O mau estar instalou-se no passado mês de novembro de 2013, quando, ansiosa por este casamento, a UE viu recusada a assinatura de um acordo de parceria económica com a Ucrânia.
Num jantar de gala entre dirigentes da EU e países do Leste, o Presidente Viktor Yanukovych terá afirmado que não tem sido nada fácil (senão impossível!) namorar com dois parceiros tão distintos e tão distantes nas suas mais variadas ideologias político-económicas, como a Rússia e a Europa.
Segundo algumas visões, ao mostrar o seu lado pró-russo, o Presidente da Ucrânia terá instigado a fúria dos membros da oposição ao governo que, celebrando o seu nacionalismo e a “libertação” da Ucrânia do jugo comunista, contestam a legitimidade de Yanukovych – no poder desde 2010 – apoiados por milícias armadas de inspiração fascista.
Ainda que os protestos tenham começado pacificamente, os mesmos endureceram perante a investida da polícia da Ucrânia. Historiadores (T. G Ash) apontam para um barril de pólvora prestes a explodir e que culminará com perdas irreparáveis.
Os dois cenários possíveis
Para além de um país que claramente quer acordar para a Democracia, todos estes acontecimentos se resumem ao confronte de duas ideologias e pensamentos que, em caso algum na História, se conseguirão cruzar;
De um lado, os defensores de um país autónomo, livre do jugo Kremelinista e bolchevista, uma Ucrânia em revolução que saiu à rua em prol da verdadeira democracia, que se quer longe da corrupção e da opressão que tem vindo a corroer povo ucraniano. Curiosamente, uma força que busca alento nos heróis neo-nazis, pra muitos uma clara ascensão da extema-direita e do anti-semitismo.
Por outro lado, um governo eleito legitimamente, e por isso com os seus direitos, que obviamente tem os seus apoiantes e que procura a manutenção de uma cultura e língua, não esquecendo as suas raízes de inspiração moscovita. Um governo que para muitos, juntamente com Putin, tem abrandado o avanço imperialista e o domínio do capitalismo desenfreado.
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