Sabem o que descobri ao ver este filme dos irmãos Cohen?
Ao fazer o post do filme “The Sunset Limited” descobri que este filme, “No Country for Old Men” também é baseado numa obra de Cormac McCarthy, desta vez um romance. Começo a sentir uma tendência deste autor em explorar as escolhas das pessoas, certos dilemas intemporais da nossa vida, prendendo-se sempre na eterna discussão da separação/comparação do bem e do mal, a problemática da ética.
Contamos com a participação de Tommy Lee Jones, sob a realização dos irmãos Cohen, chegando-nos um filme em que a sua acção se desenrola a partir de uma situação quase que sem sentido, semelhante ao que muitas vezes as histórias Grindhouse nos trazem, algo simples onde se possa trabalhar realmente os toques de mestre como a construção de certas personagens, planos espectaculares e o tal humor típico deste estilo. Pode-se dizer que em “No Country for Old Men” essa situação é “dar água a um pobre necessitado”. É como se esta fosse apenas uma “desculpa” que, à partida, não possui grande importância, sendo usada apenas como o despoletar da acção. Apesar de pensar que demonstra uma característica base da personagem Llewelyn Moss (Josh Brolin), o facto de ele seguir as suas convicções, a sua moral, o que condiciona as suas acções ao longo do filme – ou seja, não é apenas uma “desculpa”.
Que pormenores técnicos nos oferecem os irmãos Cohen?
Em relação aos planos, são-nos oferecidos alguns mesmo muito bons, o que cumpre a máxima de que a história deve ser contada o máximo possível através da imagem. Dois dos planos que mais gostei foram o das marcas das botas do agente da autoridade pelo chão da esquadra e o que acompanha os binóculos dos olhos ao ombro da personagem, como se a lente destes fosse a camera.
É engraçado que já fui com esta ideia de ver onde o filme poderia revelar um estilo Grindhouse, visto que me já tinham referido esse facto. Não queria ser influenciado – apesar de que neste momento seja difícil saber se fui ou não – e sei que existem mesmo partes que apelam a este estilo – mantém-se a questão de se teria reparado nisto “sozinho” -, desde a personagem Anton Chigurh (Javier Bardem), a certos planos de violência e, ainda, aos diálogos que vão de encontro ao tipo de humor referido.
Posso dizer que fiquei positivamente impressionado com mais um filme dos irmãos Cohen que fazem sempre Cinema, apesar de não achar um grande filme (também por ter expectativas um pouco mais elevadas em relação a este filme), tem sempre muita qualidade em todos os aspectos avaliados.
Concordo com filmes com final aberto quando exploram um tema que nos faça pensar e que vamos absorvendo ao longo deste filme sem que o seu final seja o mais importante (o exemplo mais recente é o “The Sunset Limited”). No entanto, apesar deste filme nos dar que pensar em alguns dilemas durante o seu desenrolar, tem uma necessidade de se afirmar com um bom final por o seu ponto forte ser a história, na minha opinião.
Nice!!!!