O jornalismo político é, sem dúvida, o sublinhar das ligações que existem entre a imprensa, o público e a política. O mesmo será enfatizar os efeitos do jornalismo, que desempenha um papel político na sociedade, na opinião pública.
Jornalismo: o quarto poder
No mundo contemporâneo, a dimensão política do jornalismo é a que afirma com convicção de que o jornalismo constitui um quarto poder, uma ideia introduzida no século dezoito com a evolução das formas modernas de democracia. Naquela altura era suposto que a imprensa funcionasse como guardiã da democracia e defensora do interesse público. Nos nossos dias, o quarto poder é sinónimo de equilíbrio dos outros três poderes: o executivo, o judicial e o legislativo.
O jornalismo político é, de facto, poderoso.
Opinião pública no saco do quarto poder
Ligadíssima ao quarto poder está a opinião pública naquilo que é o debate político e a decisão política em uma relação do jornalismo com o mundo político: o jornalismo político.
Políticos e jornalistas possuem uma relação simbiótica desde o século dezanove quando os partidos começaram a ser detentores dos jornais. Hoje, a assessoria é imprescindível e os políticos e os jornalistas já não passam uns sem os outros – estes últimos são uma espécie de actores políticos, o que faz do jornalismo uma instituição política e dos media instrumentos políticos.
Resultará tudo isto em uma ameaça à democracia?
O que é e deve ser o jornalismo na prática?
Genericamente a investigação sobre o jornalismo político segue três sentidos, em que cada um deles encara de uma maneira distinta os diferentes níveis da prática jornalística. Em comum, encontra-se a preocupação sobre o que o jornalismo político é, afinal, na prática, e o que deve ser:
- interacção entre jornalistas e fontes;
- intercessão do jornalismo com o mundo político e com as audiências;
Aqui a questão central é a forma como o jornalismo afecta a democracia e a noção de que a imprensa pode existir como veículo não intencional de propaganda política e partidária – além de que a agenda pública é influenciada ciada pela agenda dos media. Nesta perspectiva, é suposto que o jornalismo esteja livre de coerção política e possua credibilidade, actuando como observador imparcial da actividade política em defesa do interesse público.
- tipologias de interacção de larga escala.
Aqui pretende-se uma descrição do jornalismo político, dos processos jornalísticos sob diferentes sistemas políticos, uma avaliação da eficácia do jornalismo em diferentes contextos políticos. Um dos clássicos desta abordagem é o livro Four Theories of the Press.
Four Theories of the Press: o jornalismo é eficaz?
Em Four Theories of the Press os autores defendem a ideia de que os media actuam de acordo com as estruturas sociais e políticas das sociedades em que se inserem. Ora tal reflecte os seus sistemas de controlo social. Classificando os sistemas mediáticos de acordo com o sistema de governo dominante, os autores apresentam quatro teorias para o jornalismo político:
- a teoria autoritária, em que o poder absoluto restringe o uso dos media;
- a teoria libertária, em que os media se constituem como um meio de chegar à verdade em um mercado livre de ideias;
- a teoria totalitária/soviética, na qual o jornalismo é controlado através de uma vigilância inspirada pelo pensamento marxista;
- a teoria da responsabilidade social.
Nesta última teoria há o enquadramento do jornalismo numa ética profissional com capacidade para expor conflitos. Convém salientar que a doutrina da responsabilidade social, que emergiu no século dezanove mas terá sido reformulada nos anos 50, terá resultado da seguinte acção jornalística:
- das críticas de subordinação da imprensa aos negócios;
- da influência da publicidade nos conteúdos jornalísticos;
- da exploração do fait-divers e dos atentados à vida privada e à moralidade pública.
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