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Fernando Pessoa aos Dezassete: Poesia e Chiclete

IMPRENSA ESCRITA | 6 de January, 2019

LEITURA | 4 MIN

Uma notícia: descoberta de poemas inéditos de Fernando Pessoa

Afinal Fernando Pessoa, no início do século vinte, escreveu poesia em português. Isto nada tem de estranho, obviamente. Estranho também não é vir a lume que terá escrito poesia atacando duramente a monarquia portuguesa: estranho mesmo é a dedução de que aos dezassete anos Fernando Pessoa era um republicano convicto. Mas durante a puberdade alguém pode afirmar-se convicto no que quer que seja? Ainda para mais aquele que viria a ser um homem afectivamente perturbado e descontrolado?

Poesia em Português antes da poesia em Inglês

Fernando PessoaNo máximo, esta revelação dá-nos a certeza de que Fernando Pessoa não escrevia apenas poesia em inglês até 1906 – como estava até agora o mundo convencido – sob os heterónimos de Charles Robert Anon e Alexander Search.  Fernando Pessoa inventava jornais com intenção de os fazer circular no seio da família e era para eles que fazia a poesia em português. Esta é a descoberta que importa, apesar de pouco acrescentar à opus Pessoana.

Richard Zenith e Fernando Cabral Martins, que descobriram e abraçaram estes textos, incluíram cinco inéditos (quatro poemas completos e o início de um poema inacabado) em Mensagem e Outros Poemas sobre Portugal, que a Assírio & Alvim lançará já no dia 17 de Abril na colecção Pessoa Breve, juntamente com um volume dedicado à poesia esotérica de Fernando Pessoa, co-organizado pelos mesmos autores.

Veia jacobina, inimigo da coroa e da igreja

Esta é a conclusão a que chegaram Richard Zenith e Fernando Cabral Martins após a descoberta e análise da tal poesia que Fernando Pessoa terá escrito aos dezassete anos em tom indignado e planfletário de quem não tinha perdoado à monarquia portuguesa a aceitação humilhante do Ultimato britânico de 1890.

“Abaixo a guerra, a tirania;/ Abaixo os reis, morra a Igreja./ Não haja coração que seja/ Inimigo da luz do dia!”, grita o poeta no referido poema inacabado. E noutro dos inéditos agora divulgados, lamenta-se: “(…) Com o governo que temos e o nosso rei/ Somos um carro já sem rodas.”

Mas volto a perguntar: estará a convicção política, aos dezassete anos, visível tanto nas palavras como nas borbulhas inquietas e em rebentação?

Mensagem e Outros Poemas sobre Portugal: como está organizado?

Na compilação de poesia Mensagem e Outros Poemas sobre Portugal,  Richard Zenith e Fernando Cabral Martins optaram por organizar os poemas por ordem cronológica, o que supostamente permite acompanhar a evolução das posições políticas e ideológicas de Fernando Pessoa.  A tal convicção aos dezassete anos será mesmo uma invenção comercial, digo eu cheia de convicção, se atendermos ao facto narrado de que Fernando Pessoa não terá visto com maus olhos a instauração do Estado Novo, embora viesse a tornar-se, no final da vida, um opositor feroz de Salazar, a quem trata por “chatazar” num poema de 1935.

No prefácio: Fernando Pessoa continuava “a escrever poesia quase unicamente em inglês, em consonância com a sua ambição literária de ombrear com Shakespeare, Milton, Shelley e Keats”. Isto aos dezassete – armado em génio das borbulhas, pois claro, e a mascar chiclete.

Ninguém pode retirar-lhe o mérito nem o talento da poesia – mas também que não haja quem queira acrescentar-lhe a genialidade que a mais não tinha.

Porque, Fernando Pessoa, antes de ser um homem adulto emocionalmente doente só pode ter sido um doente adolescente.

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olinda de freitas

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Produtora de conteúdos textuais freelancer. Com paixão e alhos.

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