O alargamento do campo jornalístico constitui uma realidade perfeitamente actual, o que quer dizer que o sistema de encadeamento da informação deixou de seguir um padrão de cima para baixo, em que quem detinha meios de produção e circulação seleccionava e organizava as informações para uma massa de consumidores. Há agora espaço para formas mais dispersas de comunicação em que todos podem publicar, consumir, colaborar e compartilhar.
Hoje vive-se em um ambiente em que a informação atravessa a própria experiência social: as formas de jornalismo emergentes
Perante esta nova realidade, em que a informação se faz permear a própria experiência social, Antonio Sofi (2006) propõe três hipóteses, a partir das relações entre os veículos tradicionais e os meios sociais, de alargamento do campo jornalístico.
A primeira hipótese no alargamento do campo jornalístico é a emergência de uma forma de jornalismo difuso que se baseia, principalmente, na possibilidade de publicação de conteúdo informativo por qualquer indivíduo que se pode acrescentar a possibilidade de produção e edição colectiva.
A principal característica deste jornalismo difuso, participativo, tem que ver com a reportagem directa dos factos.
A segunda hipótese neste alargamento de campo jornalístico está associada à liberdade de selecção de conteúdo, na qual o mesmo autor destaca a relevância dada a temas que não tiveram visibilidade em outros espaços.
Trata-se, bem visto, de um jornalismo residual ou lateral dos meios de comunicação, de desenvolver uma actividade de recuperação da “informação marginalizada pelos critérios de noticiabilidade clássicos”.
Por fim, mas não menos importante, há um jornalismo de aprofundamento a partir da colaboração e aprofundamento horizontal e vertical – horizontal porque permite atingir nichos pela incorporação e a abrangência de novos temas à cobertura de temas de menor visibilidade; e vertical porque permite ampliar as notícias acrescentando-se informações, interpretações e contextos novos ultrapassando-se, desta feita, a superficialidade dos factos.
Hipóteses do alargamento do campo jornalístico questionadas pelas organizações jornalísticas das tecnologias de participação
O questionamento das hipóteses de alargamento do campo jornalístico tem sido constantes, pelas organizações jornalísticas das tecnologias de participação, devido às utilizações e apropriações feitas pelos utilizadores de blogues, redes sociais e também pela publicação de conteúdo produzido por utilizadores.
Surge então a questão de como adequar a tecnologia a padrões e normas do campo jornalístico: a normatização. Há um estudo acerca de blogs jornalísticos em que são identificadas algumas das características intrínsecas ao formato que estão a perder força uma vez que são incorporados à produção jornalística…