É questionável se o jornalista enquanto gatekeeper está em declíneo com o desenvolvimento da Web.
O jornalismo tradicional exigia que o jornalista enquando gatekeeper filtrasse os dados, que chegavam às redacções através de diversos canais e diferentes fontes, em bruto – para depois apresentar ao público apenas os que considerasse mais importantes ou pertinentes. A informação ou passava ou era rejeitada.
Ao longo da história, terão sido – e são – as elites a servirem de gatekeepers – guiando-se pelos seus próprios princípios de relevância das notícias, gosto e interesse publico, limitações de tempo e espaço: audiências.
E com o desenvolvimento da Web?
Com o desenvolvimento da web, o jornalista enquanto gatekeeper na internet não existe. O ciberespaço é, de facto, infinito e qualquer um pode disseminar informação, de forma instantânea pelo mundo!
O perfil actual dos leitores, utilizadores da internet, está no recurso a motores de pesquisa para encontrarem a informação que procuram e precisam.
O tempo das notícias em primeira mão, com o jornalista enquanto gatekeeper, acabou com o universo online. Temos pena? Como designar agora o jornalista perante o seu novo papel em uma nova forma de comunicar?
Hoje é acessível a todos a publicação de informação sem ser, sequer, necessária a carteira profissional nem a passagem por uma hierarquia de redacção. E é por isso que escrever requer, mais do que nunca, uma responsabilidade acrescida!
Gatekeeper também atrapalhava
Por outro lado, sempre houve casos em que a explosividade da informação, relacionada com a natureza da notícia, não poderia esperar e que o jornalista enquanto gatekeeper tornava-se redundante. Um pau de dois bicos.
Mas o que interessa mesmo perceber é que o universo online está a redefinir a própria noção de fontes de produção de conteúdo. Todo o consumidor da internet é um potencial produtor de conteúdo, está a ver?
Em vez de se limitar a ser mero espectador passivo, o utilizador da internet pode, simplesmente, montar o seu jornal online e ser o seu próprio jornalista enquanto gatekeeper em moldes completamente desfasados do jornalismo tradicional.
A mistura do ser-se, ao mesmo tempo, fornecedor de conteúdo e membro da audiência é agora uma realidade.
A democracia do teclado
Vivemos na democracia do teclado em que cada um de nós é jornalista enquanto gatekeeper de si mesmo. No universo online, todos os cidadãos possuem a oportunidade, e a liberdade, de se exprimirem, individualmente ou em grupo – com informação de qualquer espécie: fluxo de áudio, vídeo, comunicações escritas, trocas de dialogo, sondagens e votações, folhetos e programas, entrevistas, discursos, apresentações e publicitações.
No universo online, tudo circula!