A rádio tem sido um pouco negligenciada, entre os meios de comunicação tradicionais, pela investigação científica. Como refere um artigo sobre a rádio publicado no International Journal of Culture, Peter Lewis referia-se a essa questão dizendo que a rádio tem sido um lugar de paixões privadas e de esquecimento público e académico.
Escassos estudos sobre a rádio recaem sobre o papel e efeitos sociais enquanto o primeiro meio de comunicação de massas
São relativamente contemporâneos os primeiros estudos sobre a rádio e recaem sobre o papel e efeitos sociais enquanto o primeiro meio de comunicação de massas: teoria hipodérmica, teoria da persuasão, teoria empírica de campo e teoria funcionalista. Trata-se de estudos com uma perspectiva consequencialista da comunicação mediática cuja preocupação versa, essencialmente, a preocupação de compreender o impacto da palavra nos comportamentos políticos dos indivíduos e questionar os efeitos da actuação mediática em matéria de propaganda ideológica.
Acontece serem estes estudos empíricos aplicados à rádio não específicos sobre a rádio, ou seja, são estudos sobre os fenómenos de
comunicação de massas e sobre as audiências que, em boa verdade, pouco reflectem sobre a natureza cultural do meio radiofónico.
É a televisão, após a segunda guerra, que ocupa o lugar de destaque nos estudos de comunicação, essencialmente na academia americana e na europa central, e estimula o encanto dos investigadores graças à imagem que acrescenta à comunicação. Na actualidade, a partir dos anos 1990, o encanto desfaz-se e volta-se – deixando para trás a rádio e a televisão – para o ciberespaço e para a comunicação online para o ciberespaço e para a comunicação online.
A discrição da rádio na vida dos cidadãos e no da investigação científica
Na verdade, os estudos que existem sobre a rádio incidem sobre o serviço público e com alguma persistência do ponto de vista tecnológico: a discrição da rádio na vida dos cidadão e da investigação científica é uma realidade indesmentível.
Se compararmos a rádio com a imprensa, com o cinema, com a televisão e com a internet esta significa um foco de menor atracção para os investigadores em comunicação. Como diz Angel Fau Belaus (1981) é um meio desconhecido. Ou esquecido conforme enfatizam Edward Pease e Everette Dennis (1995).
Sabe-se que o índice de produção bibliográfica específica sobre o meio de comunicação que é a rádio é imensamente menor ao de outras áreas com maior projecção editorial e mais visibilidade.
Em Portugal, ao contrário da vizinha Espanha onde a edição de livros sobre a rádio é mais ou menos significativa, a produção bibliográfica neste campo soma pouco mais de 30 livros entre trabalhos académicos, registos históricos e reflexões mais ou menos pessoais de profissionais do meio.