Perceber o público da televisão enquanto audiência – e enquanto audiência como mercadoria – é importante na constatação de que, afinal, não existe apenas um público da televisão mas, antes, vários.
Michel Souchon, um especialista em sociologia, defende a tese de que há um público da televisão de longa duração e um outro que vê pouca televisão. Enquanto o primeiro vê televisão com o objectivo da informação e da distracção, ou seja, tem a televisão como o único meio de acesso ao mundo – o público que vê pouca televisão atribui-lhe uma função meramente acessória.
O público da televisão em Portugal
Este conceito de público da televisão aplica-se, de facto, ao nosso país: existem vários públicos que se relacionam com a faixa etária e com a classe social.
No entanto, as correntes maioritárias também existem: pense no caso do público da televisão quando joga a selecção em particular e no mundial em geral.
Importa perceber que, cada vez mais, os telespectadores têm muitas e diferentes tipos de oferta na televisão. Não faltam canais a quererem cativar as camadas mais jovens, por um lado, e a reconquistarem o público urbano por outro – e em diferentes períodos do dia. Outros apostam no entretenimento e na língua nacional: há para todos os gostos.
Tem havido uma construção do conceito de audiência de acordo com a idade e a predisposição dos públicos ao longo do dia, isto é, uma fragmentação do público de massas.
Funciona assim: é consoante a audiência disponível em determinado período do dia que a programação em uma determinada área irá incidir!
Que modelos estão subjacentes à criação do público da televisão?
Operacionalizar o conceito de audiência televisiva significa pensar em sete modelos subjacentes à criação do público da televisão:
- modelo audimétrico: os programas visam maximizar a audiência. Os programadores concebem, de forma intuitiva, uma imagem do grande público tendo por base a interpretação dos dados da audiência obtidos no dia anterior;
- modelo popular: os programadores concebem o grande público como uma personagem simbólica. há, então, programas acessíveis em termos de nível de estudos e cultural para uma enorme quantidade de pessoas;
- modelo pela proximidade: o profissional da programação vai ver os seus programas, assim como os dos outros canais, na companhia de uma parte do seu público;
- modelo imaginário: os programadores reconhecem que não têm, de facto, uma imagem do seu público – apenas uma representação;
- modelo profissional: neste modelo a concepção da programação tem por base o que os outros canais emitem;
- modelo pelos críticos: a grelha de programação baseia-se no universo de outros média;
- modelo indiferença: a satisfação do programador é a prioridade e pouco importa se coincide com a do público – mas se coincidir, melhor.