Todos os dias temos visto notícias de que as salas de cinema têm vindo a perder espectadores. Algumas distribuidoras fecham. O avanço da tecnologia e da internet lançou a questão em torno dos downloads e do streaming online de filmes que, muitas vezes, ainda estão em exibição. Não é uma experiência comparável, mas a verdade é que em tempos de crise muitas pessoas acabam por preferir trocar o grande ecrã pelo pequeno ecrã do portátil. O cinema está a perder espectadores…
Quem começou a jogar na velhinha Mega Drive ou na Spectrum se quisermos recuar ainda mais no tempo, não consegue não parar para pensar quanto o mercado dos videojogos teve de evoluir para atingir o nível que as consolas apresentam hoje. Esta evolução tecnológica permitiu melhores gráficos, melhor jogabilidade e fazer coisas com um comando na mão que se julgariam de ficção científica. Mas há aqui um dado importante. Isto não chega. As produtoras perceberam isso e começaram a apostar na narrativa. Jogos com histórias cada vez mais imersivas ao nível das melhores obras cinematográficas têm conquistado as pessoas que buscam entretenimento. E este facto facilmente se comprova nos números das receitas monetárias.
Como exemplo flagrante podemos usar o último capítulo de Grand Theft Auto. Lançado em Setembro de 2013 após anos de produção (o capítulo anterior tinha sido entregue em 2008), a ânsia em torno do jogo da Rockstar era imensa e assim os números de vendas nos primeiros dias extravasaram recordes e expectativas. No primeiro dia, Grand Theft Auto V rendeu 800 milhões de dólares e após três dias já tinha batido a fasquia de um bilião. Estes números impressionantes conferem-lhe o estatuto de produto de entretenimento vendido mais rápido de sempre.
O caso de Grand Theft Auto V é categórico e há cada vez mais jogos a apresentarem resultados semelhantes o que faz com que a indústria dos videojogos seja cada vez mais apetecível, ao ponto de atrair actores consagrados para representar nos próprios jogos. É verdade. Em Beyond: Two Souls, lançado em 2013, Willem Dafoe e Ellen Page brilham ao dar literalmente o corpo aos protagonistas. O enredo é baseado em questões sérias como aquilo que está para além da morte e para garantir que a temática não era abordada de ânimo leve, o guião tinha mais de 2000 páginas! E há que reafirmar: Willem Dafoe e Ellen Page não são dois simples actores.
Como já dizia o outro, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” e os hábitos de entretenimento da sociedade têm vindo a ser alterados. Os preços do cinema, os downloads de filmes (ilegais ou não) e a crença mais ou menos generalizada de que o cinema tem vindo a perder qualidade abriram uma janela de oportunidade para o crescimento de outras indústrias de entretenimento. A evolução e interactividade dos videojogos conquistou as massas e parece não desarmar.