Viver numa sociedade em que a religião que é praticada se sobrepõe à lei judicial e à lei dos direitos humanos, pode resultar em muitos casos em grandes atentados à vida humana. Muitas vezes não existe a consciência daquilo que se passa numa sociedade até vermos nos meios de comunicação casos que, para muitos de nós que vivemos numa sociedade moderada, são inadmissíveis. A realidade é que, muitas vezes, o que é inadmissível para algumas sociedades, para outras é o procedimento normal e correcto o que nos leva a tentar perceber a influência de cada religião nas sociedades.
E se tivesse de viver obrigatoriamente sobre as crenças de uma religião?
As Testemunhas de Jeová e as práticas médicas:
- Transfusões de sangue:
É sempre um assunto delicado de religião versus bom senso. As Testemunhas de Jeová não aceitam transfusões de sangue pois interpretam os versículos da Bíblia Génesis 9:3-4 , Levítico 17:13-14 e Atos 15:28-29, como uma lei de Deus em que é referido que não é permitida a ingestão física de sangue. Embora a religião defenda tal posição, muitas são as opiniões que afirmam que a “ingestão de sangue fisicamente” nada tem a ver com a transfusão de sangue, o que pode levar muitas vezes a situações de vida ou de morte.
- Transplante de órgãos e vacinação:
Também as práticas médicas tais como: transplante de órgãos e a vacinação, são vistas pelas Testemunhas de Jeová como atentados à palavra da Bíblia. A vacinação foi uma prática muito contestada no passado por esta religião. Entre os anos de 1921 e 1952, este tipo de imunização era vista por esta religião como um atentado à fé. No entanto, após 1952 a vacinação tornou-se uma questão pessoal e de consciência para cada Testemunha de Jeová. O transplante de órgãos também foi outra prática médica proibida até 1980, altura em que cada Testemunha de Jeová pôde começar a decidir por sua consciência sem ser “vítima” de um processo judicial.
- O uso dos soros:
O mesmo aconteceu com o uso de soros, que foram proibidos pela religião até 1974. A proveniência dos soros revelava ser do plasma sanguíneo de animais hiperimunizados, o que justificava a posição das Testemunhas de Jeová. No entanto, em 1978 passou também a ser uma decisão de consciência de cada indivíduo praticante desta religião.
- Doação de órgãos:
A doação de órgãos foi um tema mais complicado de resolver tendo sofrido um retrocesso ao longo do tempo. Esta prática médica era uma questão de consciência pessoal antes de 1967 até que, entre 1967 e 1980, foi entendida pela religião como uma prática de canibalismo. Relativamente ao que a lei pode ou não fazer, se o paciente tiver habilitação legal e capacidade de clínica, nada pode ser feito mesmo que se trate de um caso de risco de morte e lesões irreversíveis graves, pois o paciente pode recusar o tratamento.
A religião Protestante e a contracepção:
A contracepção é outro tema que em, diversas religiões, levanta muitas polémicas. No Protestantismo a contracepção é entendida como um pecado. Esta religião fundamenta a sua posição através da interpretação de vários teólogos protestantes, que consideram os produtos contraceptivos hormonais, abortivos. Tendo em conta que o Protestantismo entende o aborto como um homicídio, este é o ponto claro para esta religião.
Os protestantes fundamentam as suas crenças nas passagens da Bíblia, tais como: as crianças são uma bênção que Deus nos dá; a descendência é uma Graça; a castração é considerada um defeito físico do corpo; o apelo na Bíblia à multiplicação; a função das mulheres darem à luz e outros mais aspectos. Portanto a contracepção, é entendida como um meio para o aborto que, segundo os Protestantes, vai contra a palavra da Bíblia segundo a sua interpretação, sendo considerada um assassínio.
A religião Islâmica na sociedade:
- A mulher segundo a religião Islâmica:
Quando se fala em direitos humanos e em direitos das mulheres, as mulheres no Islamismo são sempre lembradas pelos piores motivos. Esta religião trata as mulheres como se fossem objetos, sendo-lhes vedados e recusados direitos e até a dignidade.
O Islamismo defende que Alá fez o Homem superior à Mulher e, por isso, este possui autoridade sobre ela para fazer o que quiser. A mulher é tida como um Ser inferior desde que nasce, em todos os aspectos, desde a inteligência à religião; em gratidão e em estatuto. No Islamismo a mulher é sujeita a casamento forçado mesmo sem ser consultada. Pode ser apenas uma de quatro esposas visto que o homem no Islão, pode ter até quatro mulheres. Além de todos estes aspetos, a brutalidade com que a lei Islâmica pune as mulheres públicamente, humilhando-as e desfigurando-as, vai contra todos os direitos humanos e das mulheres e tem levantado diversas questões.
- As leis da Sharia:
O Islâmismo baseia-se no Corão, que prevalece sobre a Bíblia pois é entendido como a revelação final divina que Alá fez ao profeta Maomé, e na Sharia. A Sharia é um conjunto de leis religiosas provenientes de estudos Muçulmanos e que são fielmente seguidas e postas em prática por muçulmanos mais radicais. Estas leis religiosas permitem penas violentas como a amputação das mãos quando o crime é o roubo. A morte faz parte também das penas para casos de homossexualidade, mudança de religião ou questionamento do Alcorão. A ter em conta que a pena de morte é executada através de atos brutais tais como: o apedrejamento em via pública; o fuzilamento; queimaduras com ácidos e outras atrocidades. Além destas penas, a Sharia permite ainda o casamento de meninas a partir dos nove anos e a mutilação do clítoris. Em casos de violação, a Sharia proíbe que as mulheres testemunhem contra os homens. Estas são apenas algumas leis da religião Islâmica que desafiam todo o nosso sentido de Humanidade.
A religião Católica e o aborto:
- Aborto: o pecado para a religião Católica:
A igreja Católica é contra o aborto baseando-se nas escrituras da Bíblia. Este é e será sempre um assunto polémico que opõe a igreja católica à lei judicial. As leis, relativamente ao aborto, podem variar de sociedade para sociedade e de situação para situação no entanto, para a igreja católica, o aborto é um pecado pois trata-se de um assassinio, independentemente da situação.
Cada religião tem os seus fundamentos e baseia-se na sua interpretação dos livros sagrados. Por vezes essas interpretações são sobrepostas ao bom senso daquilo que são os valores da Humanidade e acabam por cometer crimes ainda mais graves que contradizem as suas crenças.